FILMES

A cidade é uma só?

Adirley Queirós, 2012, 73 min., Brasil, 10 anos.
10 de agosto, sexta-feira, 19h30. Será exibido em conjunto com Aluguel: o filme.
“Daí eu pensei em como fazer um filme agradável, legal e gângster: Brasília, I love you”. Foi assim que Adirley Queirós introduziu a primeira exibição pública de A cidade é uma só?, na Mostra de Cinema de Tiradentes, em 2012, onde o filme venceu o Prêmio da Crítica. Uma reflexão sobre os 50 anos de Brasília e o processo permanente de exclusão territorial e social que uma parcela considerável da população do Distrito Federal e do Entorno sofre, e de como essas pessoas restabelecem a ordem social através do cotidiano. Seu ponto de partida é a chamada Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), que, em 1971, removeu os barracos que ocupavam os arredores da então jovem Brasília. Tendo a Ceilândia como referência histórica, os personagens do filme vivem e presenciam as mudanças da cidade.

FICHA TÉCNICA Direção: Adirley Queirós | Roteiro: Adirley Queirós e Thiago B. Mendonça | Fotografia: Leonardo Feliciano | Captação de som: Francisco Craesmeyer | Edição de som e mixagem: Guile Martins | Direção de arte: Denise Vieira | Montagem: Marcius Barbieri | Animação: Rafael Terpins | Produção: Adirley Queirós e André Carvalheira | Companhias produtoras: 400 Filmes, Cinco da Norte e Ceicine – Coletivo de Cinema da Ceilândia | Distribuição: Vitrine Filmes | Elenco: Dilmar Durães, Nancy Araújo, Marquim do Tropa, Wellington Abreu.

Aluguel: o filme

Lincoln Péricles, 2015, 16 min., Brasil, livre.
10 de agosto, sexta-feira, 19h30. Será exibido em conjunto com A cidade é uma só?. Sessão seguida de debate com o diretor.
Os dilemas de um jovem cineasta da periferia paulistana – da falta de água à de transporte e de grana. O filme liga imagens e sons, desde Longe do Vietnã (vários diretores, 1967) até um episódio de Chaves, ao cotidiano do protagonista, que pensa em se mudar desse apartamento em que está constantemente apertado pelo enquadramento forjado pelas paredes estreitas e pelas grades, de onde ele sai para ser novamente apertado no metrô. Como nas outras produções de Péricles, o filme traz um discurso enérgico contra os poderes instituídos e a afirmação de uma perspectiva periférica, desenvolvida à margem dos processos hegemônicos, buscando ao mesmo tempo fortalecer, tensionar e atualizar o “cinema da quebrada” que se faz hoje no Brasil.

FICHA TÉCNICA Direção, fotografia, montagem e produção: Lincoln Péricles | Roteiro: Lincoln Péricles e Bruno Marra | Som: Bruno Marra | Companhia produtora: Astúcia Filmes | Elenco: Felipe Terra, Lincoln Péricles, Bruno Marra.

Aquarius

Kleber Mendonça Filho, 2016, 146 min., Brasil/ França, 16 anos.
08 de agosto, quarta-feira, 19h00.
Clara mora de frente para o mar no Aquarius, último prédio de estilo antigo da av. Boa Viagem, no Recife. Jornalista aposentada e escritora, viúva com três filhos adultos e dona de um aconchegante apartamento repleto de discos e livros, ela irá enfrentar as investidas de uma construtora que tem outros planos para aquele terreno: demolir o Aquarius para levantar um novo empreendimento. Com todos os apartamentos vizinhos já vendidos, Clara entabula uma espécie de “guerra fria” com a empresa, um confronto que será tão misterioso como angustiante. Tal tensão perturba a protagonista e seu cotidiano e a faz pensar em seus seres queridos, seu passado e futuro.

FICHA TÉCNICA Direção e roteiro: Kleber Mendonça Filho | Fotografia: Pedro Sotero e Fabrício Tadeu | Captação de som: Nicolas Hallet | Desenho de som: Ricardo Cutz | Direção de arte: Juliano Dornelles e Thales Junqueira | Montagem: Eduardo Serrano | Produção: Emilie Lesclaux, Saïd Ben Said e Michel Merkt | Produção executiva: Dora Amorim | Companhias produtoras: CinemaScópio e SBS | Coprodução: Walter Salles (Videofilmes) e Globo Filmes | Produção associada: Carlos Diegues | Distribuição: Vitrine Filmes | Elenco: Sônia Braga, Humberto Carrão, Irandhir Santos, Maeve Jinkings, Carla Ribas, Zoraide Coleto, Bárbara Colen.

Avenida Brasília Formosa

Gabriel Mascaro, 2010, 85 min., Brasil, livre.
08 de agosto, quarta-feira, 17h00. Será exibido em conjunto com Estamos todos aqui.
No limite com a ficção, o documentário acompanha os eventuais cruzamentos de quatro personagens do bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Fábio, garçom e cinegrafista, registra importantes eventos na vizinhança. Em seu acervo são encontradas raras imagens da visita do presidente Lula ao local. Fábio é contratado pela manicure Débora para fazer um videobook – ela vai tentar uma vaga no Big Brother – e também é o responsável por gravar o aniversário de cinco anos de Cauan, fã do Homem-Aranha. Outra história é a do pescador Pirambu, que vive em um conjunto habitacional construído pelo governo para abrigar ex-moradores das antigas palafitas, que deram lugar à Avenida Brasília Formosa. O filme constrói um rico painel sensorial sobre essa arquitetura e faz da avenida uma via de encontros e desejos.

FICHA TÉCNICA Direção, roteiro e produção: Gabriel Mascaro | Fotografia: Ivo Lopes Araújo | Captação de som: Phelipe Cabeça | Edição de som: Carlos Montenegro | Mixagem: Gera Vieira | Direção de arte: Thales Junqueira | Montagem: Tatiana Almeida | Direção de produção: Marilha Assis | Coprodução: Plano 9, DocTV, TV Universitária de Pernambuco, Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (ABEPEC) | Distribuição: Vitrine Filmes | Elenco: Fábio Gomes de Melo, Débora Leite, Cauan Fonseca, Alexandro José de Oliveira (Pirambu).

Banco imobiliário

Miguel Antunes Ramos, 2016, 65 min., Brasil, livre.
09 de agosto, quinta-feira, 19h00. Será exibido em conjunto com Na missão, com Kadu. Sessão seguida de debate com o diretor.
Brian caminha por seu bairro de infância, procurando novas áreas para uma incorporação imobiliária. Romeo, em um escritório envidraçado, desenha uma estratégia de marketing. Carla planeja novos investimentos vendo a cidade do alto. Um jogo de tabuleiro. Uma imagem de futuro. Um projeto de cidade. O filme investiga o fenômeno do “mercado imobiliário” por meio das pessoas que trabalham diretamente nele, tomando para si a tarefa clara de se aproximar de um setor para tentar compreender seu funcionamento e modo de expressão. Um sistema que tem como matéria-prima a voracidade espacial, mas que se realiza, em sua expansão, a partir de um modo de falar.

FICHA TÉCNICA Direção e roteiro: Miguel Antunes Ramos | Fotografia: Alexandre Wahrhaftig | Captação de som: Jonathan Macias, Tales Manfrinato e Guilherme Shinji | Desenho de som: Confraria de Sons e Charutos | Montagem: Lia Kulakauskas | Produção executiva: Max Eluard | Direção de produção: Carlos Barbosa | Companhia produtora: Avoa Filmes e Filmes do Vulcão.

Branco sai, preto fica

Adirley Queirós, 2014, 90 min., Brasil, 12 anos.
12 de agosto, domingo, 15h00. Será exibido em conjunto com Rap, o canto da Ceilândia.
O filme cria suas imagens e sons a partir de uma história trágica: dois homens negros, moradores da periferia de Brasília, ficam marcados para sempre devido à ação criminosa da polícia racista e territorialista da Capital Federal, que invade um baile black. Tiros, correria e a consumação da tragédia: um homem fica para sempre na cadeira de rodas, o outro perde a perna após um cavalo da polícia montada cair sobre ele. Um terceiro homem vem do futuro para investigar o acontecido – e provar que a culpa é da sociedade repressiva. Essa história não é contada de maneira direta e pretensamente objetiva; os personagens querem fabular, querem outras possibilidades de narrar o passado, abrindo para um presente cheio de aventuras e ressignificações, propondo um futuro.

FICHA TÉCNICA Direção e roteiro: Adirley Queirós | Fotografia: Leonardo Feliciano | Som: Francisco Craesmeyer | Música: Marquim do Tropa | Direção de arte: Denise Vieira | Montagem: Guile Martins | Produção: Adirley Queirós e Simone Gonçalves | Companhia produtora: Cinco da Norte | Distribuição: Vitrine Filmes | Elenco: Marquim do Tropa, Shockito, Dilmar Durães, Jamaika e Gleide Firmino.

Campo Grande

Sandra Kogut, 2016, 108 min., Brasil/ França, 10 anos.
09 de agosto, quinta-feira, 17h00.
Certa manhã, duas crianças são deixadas em frente à portaria de um prédio em Ipanema, sem nenhuma explicação a não ser um pedaço de papel com o nome e o endereço de Regina, a dona da casa. Em nenhum momento as crianças duvidam que sua mãe voltará para buscá-las. A chegada das crianças ao mundo de Regina – e suas tentativas de lidar com elas – transformará profundamente as vidas de cada um deles. Quem são essas crianças, e como foram parar ali? À medida que responde essas perguntas, o filme fala também da complexa relação entre patrões e empregados dentro de casa, onde dividem ao mesmo tempo intimidade e lutas de poder.

FICHA TÉCNICA Direção: Sandra Kogut | Roteiro: Sandra Kogut e Felipe Sholl, colaboração de Mônica Almeida | Fotografia: Ivo Lopes Araújo | Captação de som: Valéria Ferro | Edição de som: Tomás Alem e Ricardo Cutz | Mixagem: Stéphane Thiébaut | Direção de arte: Marcos Pedroso | Montagem: Sergio Mekler | Coordenador de pós-produção: Juca Díaz | Produção: Flávio Ramos Tambellini e Laurent Lavolé | Companhias produtoras: Tambellini Filmes e Gloria Films | Produção associada: Videofilmes e Alexandre Coutinho | Distribuição: Imovision | Elenco: Carla Ribas, Ygor Manoel, Rayane do Amaral, Julia Bernat, Mary de Paula, Márcio Vito.

Casa grande

Fellipe Barbosa, 2014, 117 min., Brasil, 14 anos.
11 de agosto, sábado, 15h00.
Este filme coming of age explora questões de classe e privilégio através da história de Jean, um adolescente rico que luta para escapar da superproteção dos pais, secretamente falidos, ao mesmo tempo que procura entender as transformações do mundo à sua volta. Assiste-se à revelação, em dolorosas etapas, da debacle até agora silenciosa e sigilosa, que seu pai (um executivo do ramo financeiro desempregado) ocultou, vivendo de empréstimos dos amigos e se esforçando para manter o padrão e a postura dos tempos de vacas gordas. Em meio a esses problemas, Jean, agora sem motorista particular, tem a possibilidade de conhecer a cidade e quem a habita de outras maneiras, precisando confrontar, também, as contradições da casa-grande.

FICHA TÉCNICA Direção: Fellipe Barbosa | Roteiro: Fellipe Barbosa e Karen Sztajnberg | Fotografia: Pedro Sotero | Som: Evandro Lima e Waldir Xavier | Música: Victor Camelo e Patrick Kaplan | Direção de arte: Ana Paula Cardoso | Montagem: Karen Sztajnberg e Nina Galanternick | Produção: Iafa Britz | Companhia produtora: Migdal Filmes | Coprodução: Gamaroza e Mauro Pizzo | Distribuição: Imovision | Elenco: Thales Cavalcanti, Marcello Novaes, Suzana Pires, Clarissa Pinheiro, Bruna Amaya, Georgiana Góes.

Em trânsito

Marcelo Pedroso, 2013, 18 min., Brasil, livre.
07 de agosto, terça-feira, 15h00. Será exibido em conjunto com Um lugar ao sol.
O curta-metragem reflete sobre o aumento do número de carros na cidade do Recife, utilizados pela classe política como exemplo de crescimento e progresso, mas que comprometem seriamente a organização do espaço, a vida das pessoas e o futuro radiante prometido por Geraldo Júlio, candidato a prefeito da cidade com grande apoio do então governador Eduardo Campos – figura explicitada e reiterada, assim como a da ex-presidenta Dilma Rousseff, que se faz presente através da voz. No meio de tudo, o transeunte Elias tem seu barraco destruído por uma empreiteira que está construindo um viaduto e passeia entre manifestações, presencia sonhos de consumo e rege uma orquestra cuja trilha sonora embala os sonhos de um Estado no qual o símbolo de sucesso se transformou em símbolo de caos.

FICHA TÉCNICA Direção e roteiro: Marcelo Pedroso | Fotografia: Luís Henrique Leal | Som: Rafael Travassos | Música: Mateus Alves | Montagem: Paulo Sano | Produção: Marilha Assis | Companhia produtora: Símio Filmes | Elenco: Elias Santos da Silva.

Entretempos

Yuri Firmeza e Frederico Benevides, 2015, 7 min., Brasil, livre.
09 de agosto, quinta-feira, 15h00. Será exibido em conjunto com Riocorrente.
Uma expedição arqueológica entre imagens do futuro e sons do passado. Ou seria o contrário? Trabalho realizado a partir das pesquisas acerca do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, e das imagens projetivas de cidades cujos figurantes são quase todos brancos, formados por uma estrutura familiar tradicional, vestidos com seus paletós e ternos na “cidade tropical”. Os figurantes são, na verdade, bonecos que reaparecem na composição da paisagem. Além de pensar os figurantes como paisagem, o filme busca atentar para que tipo de cidade é performada através destas imagens assépticas que vendem uma cidade idílica. Como contraponto, o som de caixeiras quilombolas fricciona esse espaço portuário da cidade do Rio de Janeiro, que é conhecido como Pequena África.

FICHA TÉCNICA Direção, roteiro e montagem: Yuri Firmeza e Frederico Benevides | Captação de som: Danilo Carvalho | Mixagem: Érico Paiva (Sapão) | Produção: Lohayne Lima.

Era o Hotel Cambridge

Eliane Caffé, 2016, 99 min., Brasil/ França, 12 anos.
07 de agosto, terça-feira, 19h00. Sessão seguida de debate com a corroteirista Inês Figueiró e a atriz Carmen Silva.
Em busca de lugar para morar, refugiados recém-chegados se unem a trabalhadores e famílias sem-teto em uma ocupação no centro de São Paulo. Juntos, transformam um edifício abandonado, o antigo Hotel Cambridge, num gigantesco palco de luta e experiências tragicômicas. Apesar do preconceito mútuo, as lideranças se unem e põem em prática estratégias inusitadas para driblar os problemas da vida coletiva. Assim, nesse mundo de Babel, orquestram-se os mutirões de limpeza e de manutenção, as saídas para o “shopping rua” – como é chamada a coleta de móveis e objetos em bom estado colocados no lixo –, as assembleias, as rodas de conversa e bebida, os amores e até as chamadas por Skype com os parentes deixados no outro lado do mundo.

FICHA TÉCNICA Direção: Eliane Caffé | Roteiro: Eliane Caffé, Luís Alberto de Abreu e Inês Figueiró | Fotografia: Bruno Risas | Captação de som: Juliano Zoppi | Edição de som: Miriam Biderman e Ricardo Reis | Mixagem: Julien Cloquet | Música: Vapor 324 | Direção de arte: Carla Caffé e Escola da Cidade | Montagem: Marcio Hashimoto | Produção: Rui Pires, André Montenegro, Edgar Tenembaum e Amiel Tenenbaum | Companhia produtora: Aurora Filmes | Coprodução: Tu Vas Voir, Apoio e Nephilim | Produção associada: Escola da Cidade, Electrica e Frente de Luta por Moradia | Distribuição: Vitrine Filmes | Elenco: Carmen Silva, José Dumont, Isaan Ahmad Issa, Suely Franco.

Esse amor que nos consome

Allan Ribeiro, 2012, 80 min., Brasil, 12 anos.
12 de agosto, domingo, 17h00. Sessão seguida de debate com o diretor.
Gatto e Barbot são companheiros de vida há mais de 40 anos e acabam de se instalar em um casarão abandonado no centro do Rio de Janeiro. Ali eles passam a viver e a ensaiar com sua companhia de dança. O filme articula temas do real (a sobrevivência da companhia, as questões raciais e urbanas) com elementos do fantástico/ religioso (o Exu que protege a casa) e da poesia (os corpos que saem do espaço fechado e ganham as ruas). Assim, a luta do dia a dia se mistura à criação artística e à crença em seus orixás. Através da dança eles se espalham pela cidade, marcando seus territórios.

FICHA TÉCNICA: Direção: Allan Ribeiro | Diretor-assistente: Douglas Soares | Roteiro: Allan Ribeiro e Gatto Larsen | Fotografia: Pedro Faenstein | Captação de som: Ives Rosenfeld | Edição de som: Bernardo Uzeda | Mixagem: Damião Lopes | Montagem: Ricardo Pretti | Produção executiva: Ana Alice de Morais | Direção de produção: Raquel Rocha | Companhia produtora: 3 Moinhos Produções | Coprodução: Cavídeo e Link Digital | Distribuição: Vitrine Filmes | Elenco: Gatto Larsen, Rubens Barbot e Companhia Rubens Barbot.

Estamos todos aqui

Chico Santos e Rafael Mellim, 2017, 20 min., Brasil, 12 anos.
08 de agosto, quarta-feira, 17h00. Será exibido em conjunto com Avenida Brasília Formosa.
Expulsa de casa, Rosa precisa de um lar. Enquanto busca um lugar no mangue para construir seu barraco, o projeto de expansão da zona portuária avança na direção da Favela da Prainha, em Santos, cujos moradores se mobilizam diante de um despejo iminente. Com linguagem enérgica que mescla ficção e documentário, o filme foi desenvolvido a partir de escrita colaborativa com moradoras da Favela da Prainha, às margens de gigantescas transações do Porto de Santos (o maior da América Latina), e intersecciona a luta por moradia ao debate sobre vivências periféricas marcadas pelas questões de gênero e sexualidade.

FICHA TÉCNICA Direção, argumento e montagem: Chico Santos e Rafael Mellim | Roteiro colaborativo: Miriam Galdino, Rosana Santos, Luciana Alves, Patrick Aguiar, Thiago Cervan, René Campos e Rosa Luz, além dos vídeo-depoimentos recebidos pela internet | Supervisão de roteiro: Ana Souto | Fotografia: Vinicius Andrade | Captação de som: Julio Galassi | Edição de som e mixagem: Filipe Maliska | Música: Martin Eikmeier | Direção de arte: Thiago Cervan | Produção: André Gevaerd e Francisco Garcia | Produção executiva: Alexandre Mroz Tastardi | Direção de produção: Juliana Soncini Salazar | Companhias produtoras: Kinoosfera Filmes e Coletivo Bodoque | Elenco: Rosa Luz, Ana Souto, Miriam Galdino, Chico Santos, René Campos.

Fotograma

Caio Zatti e Luís Henrique Leal, 2015, 9 min., Brasil, livre.
11 de agosto, sábado, 19h30. Será exibido em conjunto com Obra. Sessão com legenda descritiva (LSE).
Uma mulher negra caminha por um bairro de classe média alta no Recife. Um muro (imenso) e duas câmeras de segurança a separam de um condomínio de luxo. Fotograma disseca essa imagem cotidiana, buscando pensar suas inscrições históricas. Aborda os muros com que os favorecidos da estrutura social buscam afastar não apenas os “outros”, mas também seu olhar, e vai construindo uma história que remonta às origens da escravidão nas Américas. Imagens da cultura e inscrições da barbárie. No muro, duas câmeras de vigilância, cada uma voltada para um lado, vigiam o mundo que se quer excluir, mas há, entre elas, um ponto cego. O espaço para a transgressão?

FICHA TÉCNICA Direção e produção: Luís Henrique Leal e Caio Zatti | Texto e narração: Luís Henrique Leal | Desenho e edição de som: Rafael Travassos | Montagem e finalização: Caio Zatti | Design gráfico: Paulo Sano | Companhia produtora: Parabelo Filmes.

Jovens infelizes ou Um homem que grita não é um urso que dança

Thiago B. Mendonça, 2015, 127 min., Brasil, 16 anos.
12 de agosto, domingo, 19h30.
“Pra começar de novo é preciso destruir.” Um grupo de artistas vive na fronteira entre arte e vida. Com teatro, música e performances em espaços públicos, eles tentam construir uma consciência revolucionária. Os horizontes rebaixados de uma sociedade cada vez mais autoritária os leva a buscar um último grande ato estético. Feito com orçamento mínimo, o filme é uma metáfora da juventude brasileira contemporânea e seus horizontes políticos, e se inspira em um ensaio de Pier Paolo Pasolini e na poesia do revolucionário Aimé Césaire.

FICHA TÉCNICA Direção, roteiro e montagem: Thiago B. Mendonça | Assistentes de direção: Marco Escrivão e Amina Jorge | Fotografia: André Moncaio | Câmera: Fernando Cirillo | Som: Samuel Gambini | Música: Kiko Dinucci | Direção de arte: Bira Nogueira e Cris Pereira Rodrigues | Produção: Laura Calasans, Dráusio Mandia e Leandro Safatle | Produção executiva: Renata Jardim | Direção de produção: Adriana Barbosa e Marco Escrivão | Companhia produtora: Memória Viva | Elenco: Alex Rocha, Camila Urbano, Cel Oliveira, Clarissa Moser, Ieltxu Ortueta Martins, Rafaela Penteado, Renan Rovida, Atílio Belini Vaz, Carlos Francisco, Bebel Mendonça, Nani de Oliveira, Suzana Aragão, Val Pires.

Mate-me por favor

Anita Rocha da Silveira, 2015, 105 min., Brasil/ Argentina, 14 anos.
08 de agosto, quarta-feira, 15h00.
10 de agosto, sexta-feira, 17h30.
O filme acompanha o dia a dia de quatro amigas com cerca de 15 anos: Bia, Mari, Michele e Renata. Entre os desassossegos e prazeres da idade (intrigas amorosas, curiosidades sexuais, rivalidades, mudanças em seus corpos, autoimagem, busca de identidade), as garotas enfrentam uma onda de assassinatos de mulheres jovens no bairro em que vivem, a Barra da Tijuca. O que começa como uma curiosidade mórbida se apodera cada vez mais da vida das jovens. Esses dois focos narrativos se entrecruzam e promovem uma oscilação entre uma abordagem realista, a inserção de momentos de fantasia e de sonho e a utilização de motivos do coming of age e do horror. Bia, após um encontro com a morte, fará de tudo para ter a certeza de que está viva.

FICHA TÉCNICA Direção e roteiro: Anita Rocha da Silveira | Fotografia: João Atala | Captação de som: Manuel de Andrés | Edição de som e trilha musical: Bernardo Uzeda | Mixagem: Gustavo Loureiro | Direção de arte: Dina Salem Levy | Montagem: Marilia Moraes | Produção: Vania Catani | Coprodução: Benjamín Domenech e Santiago Gallelli | Produção de finalização: Juca Díaz | Produção executiva: Vania Catani e Lili Nogueira | Direção de produção: Renato Pimentel | Companhias produtoras: Bananeira Filmes e Rei Cine | Distribuição: Imovision | Elenco: Valentina Herszage, Dora Freind, Julia Roliz, Mari Oliveira, Bernardo Marinho.

Na missão, com Kadu

Aiano Bemfica, Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito, 2016, 28 min., Brasil, 12 anos.
09 de agosto, quinta-feira, 19h00. Será exibido em conjunto com Banco imobiliário.
Na luta por moradia em Belo Horizonte, no maior conflito fundiário urbano da América Latina, companheiras e companheiros da região ocupada da Izidora marcham por moradia digna. Kadu, liderança e cineasta, leva sua câmera para a manifestação e nela traz de volta alguns registros do dia 19 de junho de 2015. Um militante, sua câmera e seu povo enfrentam o poder dos cassetetes e das bombas de gás. À beira do fogo ele relembra esse dia, a luta e o sonho. Com imagens que revelam o conflito e a opressão do aparato policial à luta por moradia, o filme nos indaga: como resistir? É suficiente produzir imagens pela sobrevivência? Como o cinema pode atuar em situações de violência?

FICHA TÉCNICA Direção: Aiano Bemfica, Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito | Roteiro: Aiano Bemfica, Gabriel Martins e Pedro Maia de Brito | Fotografia: Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito | Captação de som: Luisa Lanna | Mixagem: Homero Basílio (Estúdio Das Caverna) | Montagem: Gabriel Martins | Produção e produção executiva: Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito | Direção de produção: Luisa Lanna.

Nunca é noite no mapa

Ernesto de Carvalho, 2016, 6 min., Brasil, 14 anos.
07 de agosto, terça-feira, 17h00. Será exibido em conjunto com Riocorrente.
Um encontro frontal com o mapa nos leva a um passeio pelos circuitos da simbiose entre ele e as transformações dos espaços na era do capitalismo digital. Trata-se de um ensaio poético sobre as contradições da cidade e da sociedade, a partir de um percurso pelas ruas da cidade de Olinda por meio da ferramenta do Google Street View. A violência urbana, o estado de vigilância que acompanha as novas tecnologias e as desigualdades são facilmente identificados, mas são neutralizados pela “imparcialidade” de quem os registra e disponibiliza. “O mapa não anda, nem voa, nem corre, não sente desconforto, não tem opinião. Pro mapa não há governo, não há golpe de Estado, não há revolução.”

FICHA TÉCNICA Direção e montagem: Ernesto de Carvalho | Colaboração: Bruno Huyer, Lucas Caminha e Miguel Antunes Ramos | Companhia produtora: Zumbayllu mesmo assim a gente faz.

Obra

Gregório Graziosi, 2014, 80 min., Brasil, 12 anos.
11 de agosto, sábado, 19h30. Será exibido em conjunto com Fotograma. Sessão com legenda descritiva (LSE).
Na cidade de São Paulo, um jovem arquiteto envolvido na construção de seu primeiro grande projeto encontra um cemitério clandestino no terreno, que pertence a seu avô. O engenheiro responsável opta por cimentar a vala e esquecer o ocorrido. O arquiteto, perturbado, tenta dar continuidade às suas atividades cotidianas, mas o impacto emocional causado pela inusitada situação desestabiliza sua coluna e afeta sua profissão. Questionando seu passado e origens, ele entra em conflito com sua consciência, com a herança familiar e com a memória da cidade que retorna à superfície. Ao mesmo tempo, ele espera seu primeiro filho, algo que cria uma expectativa de futuro enquanto o personagem está intimamente relacionado com a busca pelo seu passado.

FICHA TÉCNICA Direção: Gregório Graziosi | Assistente de direção: Lara Lima | Roteiro: Gregório Graziosi e Paolo Gregori | Fotografia: André Brandão | Captação e desenho de som: Fábio Baldo | Mixagem: Ariel Henrique | Direção de arte: Mario Saladini e Vera Oliveira | Montagem: Gabriel Vieira de Mello | Produção: Zita Carvalhosa | Produção executiva: Leonardo Mecchi | Companhia produtora: Cinematográfica Superfilmes | Elenco: Irandhir Santos, Júlio Andrade, Lola Peploe, Marku Ribas, Luciana Inês Domschke, Sabrina Greve, Turíbio Ruiz.

O som ao redor

Kleber Mendonça Filho, 2012, 131 min., Brasil, 12 anos.
10 de agosto, sexta-feira, 15h00.
A vida numa rua de classe média na zona sul do Recife toma um rumo inesperado após a chegada de uma milícia que oferece a paz de espírito da segurança particular. A presença desses homens traz tranquilidade para alguns e tensão para outros, numa comunidade que parece temer muita coisa. Enquanto isso, Bia, casada e mãe de duas crianças, precisa encontrar uma maneira de lidar com os latidos constantes do cão de seu vizinho. Uma crônica brasileira, uma reflexão sobre história, violência e barulho.

FICHA TÉCNICA Direção e roteiro: Kleber Mendonça Filho | Fotografia: Pedro Sotero e Fabrício Tadeu | Captação de som: Nicolas Hallet e Simone Dourado | Desenho de som: Kleber Mendonça Filho e Pablo Lamar | Música: DJ Dolores | Direção de arte: Juliano Dornelles | Montagem: Kleber Mendonça Filho e João Maria | Produção: Emilie Lesclaux | Direção de produção: Brenda da Mata e Renato Pimentel | Companhia produtora: CinemaScópio | Distribuição: Vitrine Filmes | Elenco: Irandhir Santos, Gustavo Jahn, Maeve Jinkings, W.J. Solha, Irma Brown, Lula Terra, Yuri Holanda, Clébia Souza.

Rap, o canto da Ceilândia

Adirley Queirós, 2005, 15 min., Brasil, livre.
12 de agosto, domingo, 15h00. Será exibido em conjunto com Branco sai, preto fica.
Diálogo com quatro consagrados rappers (X, Jamaika, Marquim e Japão), que veem na música a única forma de revelar seus sentimentos e de se autoafirmar como moradores da periferia. O filme mostra suas trajetórias artísticas e traça um paralelo com a construção da Ceilândia, onde vivem – são da primeira geração que nasceu nessa cidade. Trabalho de conclusão de curso de Adirley na Universidade de Brasília (UnB), é a gênese de seu cinema político, discutindo as diversas formas de opressão (cultural, econômica, histórica) que Brasília exerce sobre a Ceilândia.

FICHA TÉCNICA Direção e roteiro: Adirley Queirós | Assistente de direção: João Break | Fotografia: Leonardo Feliciano | Captação de som e direção de arte: Francisco Craesmeyer | Edição de som: Dirceu Lustosa | Música: Jamaika | Montagem: Mariana Furumoto | Produção: Paulo Rapadura e Edvaldo Rodrigues | Produção executiva: Cássio Pereira | Professora orientadora: Dácia Ibiapina | Companhia produtora: UnB e Forcine | Elenco: X, Jamaika, Marquim, Japão.

Riocorrente

Paulo Sacramento, 2013, 79 min., Brasil, 14 anos.
07 de agosto, terça-feira, 17h00. Será exibido em conjunto com Nunca é noite no mapa.
09 de agosto, quinta-feira, 15h00. Será exibido em conjunto com Entretempos.
Em meio ao turbilhão de São Paulo, um jornalista, um ex-ladrão de carros e uma mulher misteriosa vivem um intenso triângulo amoroso. O choque entre seus desejos e o atrito entre as faces opostas da cidade apontam a urgência de mudanças radicais. Os ambientes onde os personagens circulam (de galerias de arte a oficinas clandestinas) misturam-se, compondo um quadro dinâmico da cidade. Há ainda uma criança que transita ao largo de tudo, raramente interferindo no pulsar vibrante do aglomerado urbano. Ao longo do filme e em meio às suas engrenagens, São Paulo expõe suas metáforas e crueldades: feras enjauladas, vandalismo, truques e acidentes. Mas também válvulas de escape e terrenos neutros. Nesse emaranhado caótico abrem-se opções à escolha dos protagonistas: a reclusão, a resignação, a violência. Ou ainda o afeto, a poesia, a mágica.

FICHA TÉCNICA Direção e roteiro: Paulo Sacramento | Fotografia: Aloysio Raulino | Captação de som: Thiago Bittencourt | Edição de som: Ricardo Reis | Mixagem: Armando Torres Jr. | Música: Paulo Beto | Montagem: Idê Lacreta e Paulo Sacramento | Direção de arte: Akira Goto | Produção: Clarissa Knoll, Pablo Torrecillas e Paulo Sacramento | Companhia produtora: Olhos de Cão | Coprodução: Saracura Filmes, TC Filmes e Locall | Distribuição: California Filmes | Elenco: Lee Taylor, Simone Iliescu, Roberto Audio, Vinícius dos Anjos.

Um lugar ao sol

Gabriel Mascaro, 2009, 66 min., Brasil, livre.
07 de agosto, terça-feira, 15h00. Será exibido em conjunto com Em trânsito.
O documentário aborda o universo dos moradores de coberturas de prédio de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. A ideia partiu de um curioso livro de circulação bastante restrita que mapeia a classe alta e pessoas influentes da sociedade brasileira. Uma amostra da elite (da qual o documentário brasileiro raramente se aproxima) olhando de cima para baixo – tanto real quanto metaforicamente – a cidade e a sociedade que a cerca. Através de seus depoimentos, o filme traz um rico debate sobre desejo, visibilidade, insegurança, status e poder, e constrói um discurso sensorial sobre o paradigma arquitetônico e social brasileiro.

FICHA TÉCNICA Direção, roteiro e produção: Gabriel Mascaro | Fotografia: Pedro Sotero | Captação de som: Phelipe Cabeça | Mixagem: Gera Vieira | Música: Iezu Kaeru e Luiz Pessoa | Montagem: Marcelo Pedroso | Produção executiva: Stella Zimmerman e Rachel Ellis | Direção de produção: Lívia de Melo | Companhia produtora: Símio Filmes | Produção associada: Plano 9 | Distribuição: Vitrine Filmes.